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domingo, 14 de abril de 2013

“A ESCOLA REPRESENTA A ÚNICA OPORTUNIDADE DE LER QUE MUITAS CRIANÇAS TÊM”


Ida e volta narra através de imagens o percurso de um dia na vida de um homem, desde o momento em que sai de casa pela manhã até o seu regresso.
O fio da narrativa é construído pelas pegadas deixadas pelo personagem no trajeto de ida e volta. A sua presença é percebida pelas marcas dos pés impressas no caminho percorrido, pois não há a descrição física (através de desenho), o que torna mais interessante a narrativa, abrindo espaço para a imaginação do leitor. A trajetória realizada pelo protagonista é percebida pelo desenho feito pelos seus pés, pela ausência de algum objeto extraído do cenário - o cabide de roupa vazio no armário, o chapéu retirado da chapeleira, a maçã arrancada da árvore e, depois de comida, jogada no cesto de lixo da rua, o vaso de flores que desaparece da banca do florista e, na cena seguinte, vai parar nas mãos de uma velhinha e também pelas marcas deixadas pela roda da bicicleta além de outros detalhes que compõem o ambiente narrativo.
Outros personagens aparecem em cena, o cachorro e o homem-anúncio com pernas de pau, que cruzam suas pegadas com as do protagonista invisível numa narrativa paralela, além da velhinha e do pintor de letreiros que é atropelado pela bicicleta do personagem misterioso.
A linguagem visual trabalha no nível da conotação, é altamente metafórica na medida em que lida com símbolos que sugerem o perfil do personagem e ajudam a compor o enredo. As imagens aguçam e estimulam a observação do leitor, que vai e volta nas páginas do livro a procura de um detalhe que permita uma melhor compreensão da história.
 (Rosa Cuba Riche)





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